segunda-feira, 26 de setembro de 2011

MODELO DE 8 PONTOS PARA REFORMA DO PENSAMENT0 ...


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MODELO DE 8 PONTOS PARA REFORMA DO PENSAMENT0
de Robert Jay Lifton

1. Controle de ambiente. Limitação de muitas ou todas as formas de comunicação com não-membros do grupo. Livros, revistas, cartas e visitas de amigos são "tabus". "Saia e separe-se"!

2. Manipulação mística. O candidato em potencial ao grupo é convencido dos altos propósitos e da missão especial do grupo através de uma marcante experiência, como um suposto milagre ou uma palavra profética por algum dos membros do grupo.

3. Exigência de pureza. Um objetivo explícito do grupo é o de promover algum tipo de mudança, seja ela num nível global, social ou pessoal. "A perfeição é possível se permanecer no grupo e se comprometer".

4. Culto da confissão. A pouco saudável prática de fazer confissões perante os membros do grupo. Com freqüência no contexto grupal de uma reunião, a admissão de pecados, erros e imperfeições do passado, até mesmo dúvidas sobre o grupo e pensamentos críticos com relação à integridade dos líderes.

5. Ciência sagrada. A perspectiva do grupo é absolutamente verdadeira e completamente adequada para explicar TUDO. A doutrina não está sujeita a alterações ou questionamentos. Requer-se absoluta conformidade à doutrina.

6. Linguagem tendenciosa. Um novo vocabulário emerge do contexto grupal. Os membros do grupo "pensam" dentro dos estreitos e muito abstratos parâmetros da doutrina do grupo. A terminologia eficientemente impede o pensamento crítico dos membros pelo reforço da mentalidade "certo e errado". Termos tendenciosos e jargões criam pensamento preconceituoso.

7. Doutrina acima da pessoa. Experiências anteriores ao grupo e experiências grupais são interpretadas de maneira estreita e dentro da própria doutrina , até mesmo quando a experiência contradiz a doutrina.

8.Dispensação da existência. A salvação só é possível dentro do grupo. Os que abandonam o grupo estão perdidos.

PERSUASÃO COERCITIVA NÃO É PERSUASÃO AMISTOSA
Os programas que utilizam as sete táticas acima citadas têm como denominador comum a tentativa de promover grandes mudanças na auto-imagem das pessoas, suas percepções da realidade e relações interpessoais. Quando têm sucesso em promover essas mudanças, os programas de reforma de pensamento coercitiva criam também o potencial de forças necessárias para exercer influência indevida na capacidade da pessoa de tomar decisões de maneira independente e até de tornar essa pessoa um agente multiplicador para o benefício da organização sem o consentimento ou o tácito conhecimento da pessoa.

Programas de persuasão coercitiva são efetivos porque para os indivíduos que experimentam os programados e severos fatores estressantes gerados por eles, somente conseguem reduzir as pressões aceitando o sistema ou adotando os comportamentos promulgados pelos patrocinadores do programa de coerção. A relação entre a pessoa e as técnicas de persuasão coercitiva é dinâmica na medida em que, apesar da força das pressões, prêmios e punições ser considerável, ela não leva a uma reorganização das crenças ou atitudes feita de forma voluntária, estável e significativa . Ao contrário, ela leva a um tipo de aceitação forçada e a uma racionalização elaborada para a nova conduta, em função da situação.

Novamente, para conseguir manter as novas atitudes ou "decisões", sustentar a racionalização e continuar a influenciar indevidamente o comportamento de uma pessoa ao longo do tempo, as táticas coercitivas precisam ser aplicadas mais ou menos continuamente. Discursos inflamados sobre "inferno e perdição", sermões do púlpito com o objetivo de induzir ao sentimento de culpa, ou horas a fio com um vendedor utilizando técnicas de vendas por pressão, ou outros exemplos da chamada persuasão amistosa, não constituem a base necessária para um programa de persuasão subliminar que seja contínuo, coordenado e cuidadosamente selecionado, assim como aqueles encontrados nos programas mais abrangentes de "persuasão coercitiva".

Práticas de persuasão religiosa verdadeiramente pacíficas nunca tentariam forçar, compelir ou dominar o livre arbítrio ou as mentes de seus membros através de técnicas comportamentais coercitivas ou hipnotismo disfarçado. Elas não encontram nenhuma dificuldade na coexistência pacífica com a legislação americana destinada a proteger o público contra tais práticas.

Fingir ser persuasão amistosa é exatamente o que leva a persuasão coercitiva menos provável de atrair atenção ou mobilizar oposição. É isso também que a torna tão devastadora como tecnologia de controle. Vítimas de persuasão coercitiva apresentam: nenhum sinal de abuso físico, racionalizações convincentes para as mudanças abruptas ou radicais em seu comportamento, uma sinceridade convincente, pois elas foram mudadas de maneira tão gradual que nem se aperceberam do fato.

Para saber se persuasão coercitiva foi ou não usada torna-se necessário um cuidadoso estudo de caso, de todas as técnicas de influência usadas e de como foram aplicadas. O foco no meio de convencimento e no processo usado, não na mensagem, e também nas diferenças fundamentais , não nas similaridades por coincidência, torna fácil perceber qual o sistema utilizado. O continuum de influência ajuda a tornar mais perceptível a diferença entre persuasão amistosa e persuasão coercitiva.


VARIÁVEIS
Nem todas as táticas utilizadas num ambiente de persuasão coercitiva serão sempre coercitivas. Algumas táticas de natureza inócua ou velada misturam-se a elas. Nem todos os indivíduos expostos à persuasão coercitiva ou reforma de pensamento são coagidos eficazmente a se tornarem participantes. A sugestionabilidade individual, a constituição física e psicológica, as fraquezas e diferenças, reagem ao grau de severidade, continuidade e abrangência no qual as várias táticas e o conteúdo do programa de persuasão coercitiva são aplicados e determinam a eficácia do programa ou o grau de prejuízo causado às suas vítimas.

Por exemplo, no caso Estados Unidos x Lee 455 US 252, 257-258 (1982), a Suprema Côrte da California decidiu que: "quando uma pessoa é submetida a persuasão coercitiva sem seu conhecimento ou consentimento... pode sofrer sérias e, às vêzes, irreversíveis disfunções físicas e psiquiátricas chegando mesmo até a tornar-se esquizofrênico, praticar auto-mutilação e suicídio".

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