Segundo o Dalai Lama, há dois tipos de ego: um tipo só cuida de si mesmo para conseguir alguma vantagem para si, ignorando os direitos dos outros. O outro ego diz: "preciso ser um bom ser humano; preciso servir; preciso assumir plena responsabilidade".
Para chegar até aqui, você precisou construir o seu ego mais egoísta. Moldando-o e enaltecendo-o, seu ego e toda a estrutura do seu psiquê te ajudaram a evoluir e vencer a corrida da sobrevivência e garantir o seu lugar ao sol, porém não é só de pão, água e sombra que vive o homem e para continuar a sua jornada, se faz necessário compreender que sempre chega o tempo em que, como dizia Sri Aurobindo, o auxilio inicial se torna um entrave.
Chega um tempo em que o ego como um narciso apaixonado por um reflexo distorcido, não dá espaço para o que é novo se manifestar e começa a se defender de qualquer tentativa de mudança. Como profundo conhecedor dos mecanismos biológicos de recompensa e satisfação, o ego se auto-alimenta com os elogios que recebe, filtrando somente aquilo que o fortalece.
Aquilo que fortaleceu o ego no começo, já não é mais suficiente para sustentar o sistema complexo que você se tornou. Esse algo a mais que tanto te tira o sossego parece ser algo fora dos domínios do ego, e diante disso, para atingir esse objetivo, uma nova consciência vai emergindo e se espalhando pelo seu ser e te mostrando que é tempo de perceber que nem ela nem o ego é verdadeiramente você.
Desconfio que o ego é um dragão de múltiplas cabeças e cada vez que cortamos uma delas, uma outra aparece. Cada cabeça, cada ego tem seu tempo e possui o poder de nos ajudar - os observadores - a chegar na experiência que desejamos alcançar nessa dimensão.
Cabe a você, o observador central, trabalhar para manter essa percepção consciente diante das máscaras que vão surgindo para te levar até onde você quer chegar e não se identificar somente com elas para não perder a noção entre quem é o personagem e quem está atuando.
Frank Oliveira
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